"Ó Jesus, meu Amor... minha vocação, enfim, eu a encontrei, minha vocação é o Amor!"(Santa Teresinha)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

História de uma alma (Livro)


História de uma alma é um manuscrito autobiográfico de Maria Francisca Teresa Martin imortalizada na história da Igreja como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, o qual é dividido em três manuscritos distintos (A, B e C) destinados respectivamente à: Madre Inês de Jesus, Irmã Maria do Sagrado Coração de Jesus, Madre Maria de Gonzaga. Cada um destes manuscritos trata do mesmo assunto. O Manuscrito muito mais do que uma Biografia é um itinerário da vida espiritual desta Doutora da Igreja. Ao narrar os fatos de sua vida, desde a infância até seus últimos dias, vemos o Amor misericordioso de Deus, que se manifestou na sua vida, lendo as páginas do livro não apenas com um olhar raso, mas um olhar contemplativo vamos percebendo que ela viveu de fato o que ela desejava ser: um “brinquedo velho” nas mãos do Menino Jesus, do qual Ele pudesse fazer tudo o que lhe fosse agradável. É possível perceber também que ao contrario das autobiografias modernas, Santa Teresinha não procura fazer de seus manuscritos uma exaltação de si mesma, mas sim deixar um testemunho de uma vida inteiramente consagrada ao Senhor.
Durante a leitura do livro vai-se percebendo que Santa Teresinha não viveu nada de extraordinário como muitos pensam acerca dos santos. Mas ao contrário nas pequenas coisas e nos fatos comuns da vida ela foi tomando consciência de sua vocação e respondendo o seu SIM, ao chamado de Deus, ao qual ela tinha grande alegria de se considerar esposa.
A Vida de Santa Teresinha também chama atenção em um aspecto: a santidade do ambiente familiar no qual ela vivia, percebe-se durante toda a leitura do livro o amor fraterno que ela tinha por suas irmãs, que também eram religiosas; também no tão grande amor que ela nutria por seu pai, a ponto de constantemente chamá-lo de “meu Rei”. Vê-se aí a necessidade de cultivar nas famílias esse sentimento de amor a Deus e ao próximo, e desenvolver desde a menor idade a formação cristã para as crianças. Santa Teresinha floresceu na fé porque teve quem a adubasse e regasse com os preceitos divinos e o exemplo de vida.


Santa Teresinha viveu o mistério do sofrimento em sua vida desde a separação de suas irmãs que entraram no Carmelo antes dela até na aridez que experimentou já no Carmelo; mesmo assim resignada e com alegria no coração, pois sempre oferecia esse sofrimento pela santificação dos sacerdotes, deixando assim o exemplo de saber aceitar o mistério da dor na nossa vida e tirar deste o ensinamento necessário para nossa caminhada de fé.

Após viver na sua vida a santidade, que se manifestou nas pequenas coisas, sofreu com a tuberculose que lhe causaria sua morte precoce.
 

Santa Teresinha e a Sagrada Face

Na terça-feira de carnaval, muitas igrejas celebram a festa da Sagrada Face de Jesus. Devoção calcada nas Sagradas Escrituras, inspirada especialmente nos salmos e nos cânticos do "Servo Sofredor",  encontrou,  no decorrer da história, vários homens e mulheres, místicos conhecidos ou menos conhecidos, que se encarregaram de propagá-la.


Sta Terezinha e Sagrada FaceA "Sagrada Face" ou "Santa Face" (para ser mais fiel ao termo francês), foi objeto de especial afeição por parte de santa Teresinha. Vejamos porque a Sagrada Face participa ativamente do "corpus" da espiritualidade de nossa padroeira. Entender o amor de Teresa à Sagrada Face poderá nos ajudar a enriquecer nossa compreensão da caminhada teresiana, a passos largos, rumo  à  santidade.


As famílias Martin e Guérin (tios de santa Teresinha) nutriam uma grande devoção à Santa Face de Jesus, incentivados pelo "santo homem de Tours", o Sr. Dupont e pela espiritualidade de Irmã Maria de São Pedro e da Santa Face, carmelita na mesma cidade de Tours, na França (1816-1848). O Sr. Isodore Guérin, tio de nossa santa, ao ler a vida do famoso homem de Tours, tornou-se devoto da Santa Face e, por seu intermédio, foi instalado um quadro da Sagrada Face em uma das capelas laterais da catedral de São Pedro, em Lisieux. Teresinha amava muito este quadro. No coro do Carmelo havia também um quadro da Sagrada Face e nossa padroeira fará dela uma reprodução que será colocada no cortinado do seu leito de enfermo para, assim, contemplar com amor a Face querida do seu Bem-Amado (CA 5.8.9).
Aos 12 anos, Teresa se inscreve na Confraria reparadora de Tours (26.04.1885).
A partir de 19.01.1889, data de sua tomada  do hábito, Irmã Teresa do Menino Jesus completará seu nome religioso, passando a assinar "da Santa Face". Deu tanta importância este acréscimo, que ora escreve "Ir. Teresa do Menino Jesus e da Sagrada face", ora escreve "Ir. Teresa do Menino Jesus da Santa Face". No segundo modo de assinar, ela retira a preposição, talvez para ressaltar sua íntima ligação com a Sagrada Face. Provavelmente queira também mostrar o profundo nexo que une o mistério da Encarnação (Belém) ao da Paixão e Morte (Calvário), único e arrebatador mistério da bondade misericordiosa do Senhor.
Aos diversos sofrimentos próprios à vida religiosa, vividos por Teresa desde os 15 anos, deve-se acrescentar os advindos pela enfermidade mental de seu pai. Em 12,02,1889, o Sr. Martin precisa ser hospitalizado. Nesta situação de dor, Teresa escreve à sua irmã Celina:
"Jesus arde em amor por nós... Olhe sua face adorável!... Olhe estes olhos fechados e abaixados!... Olhe essas chagas... Olhe Jesus na sua Face. Lá você verá como ele nos ama." (Carta 87).



Sagrada Face
Encontraremos diversos comentários sobre a Santa Face em outras cartas:
"Sim, a face de Jesus é luminosa, mas se em meio às feridas e às lágrimas ela já é tão bela, como não o será quando a virmos no céu?... Oh, o céu, o céu! (Carta 95)
"Seu rosto estava escondido!... Ele o está ainda hoje, pois quem é que compreende as lágrimas de Jesus?" (Carta 105)
"Jesus me pegou pela mão, fez-me entrar em um subterrâneo onde não faz frio nem calor, onde o sol não brilha, e que não é visitado nem pela chuva nem pelo vento; um subterrâneo onde não vejo nada senão uma luz meio apagada, o brilho que espalham ao seu redor os olhos da Face de meu Noivo!..." (Carta 110)
"Após ter sorrido para Jesus no meio das lágrimas, você gozará dos raios de sua Face divina... " (Carta 149)
Em 1895, evocando seus anos de sofrimento, assim resumirá suas intuições:
"A Florzinha transplantada para a montanha do Carmelo devia desabrochar à sombra da cruz; as lágrimas, o sangue de Jesus tornaram-se seu orvalho e seu Sol foi sua face adorável coberta de lágrimas... Até então não sentira a profundidade dos tesouros escondidos da santa Face... Aquele cujo reino não é deste mundo me mostrou que a verdadeira sabedoria consiste em "querer ser ignorada e tida por nada" - em "por sua alegria no desprezo de si mesmo"... Ah, como o de Jesus, eu queria que "Meu rosto fosse verdadeiramente escondido, que na terra ninguém me reconhecesse". (MA 77v)
Celina (Irmã Genoveva), a respeito do amor de Teresa à Sagrada Face, escreveu:
"Esta devoção foi o coroamento e o pleno desabrochar de seu amor pela sagrada Humanidade de Jesus. A Santa Face era o espelho no qual contemplava a Alma e o Coração de seu Amado, em que ela o contemplava em sua inteireza" (Conselhos e Lembranças).
A Santa Face não foi para Teresa uma simples devoção privada: encontra-se no coração de sua Cristologia, de seu amor apaixonado pelo Jesus escondido. Contudo sabia que o Desfigurado seria um dia Transfigurado em sua Ressurreição.
No Processo Informativo Ordinário, Irmã Maria do Sagrado Coração irá afirmar:
"Desde muito tempo, ela tinha uma devoção muito especial ao Menino Jesus e à Sagrada Face, mas esta última devoção se desenvolveu sobretudo no Carmelo". (PO 250).
FONTE: Santuário de Santa Teresinha